Depois de mais um longo dia de trabalho exaustivo, lá estava ela, de pé no metrô, abraçada à fria barra de ferro que era seu encosto acolhedor. O que mais queria era chegar em casa, tomar um banho morno relaxante e dormir um sono tranquilo e profundo. Fechou os olhos para tentar aliviar o cansaço e viajar em seus pensamentos.
Sentiu uma mão quente tocar as suas frias mãos. Assustada, abriu os olhos e ouviu uma rouca voz que disse vagarosamente “desculpa’. Ela imediatamente ficou alerta. Há quanto tempo não recebia um inesperado toque como esse? Olhou para o homem a sua frente. Um fone no ouvido do moço parecia levá-lo a outro lugar, distante dali. Que som ele ouvia? Uma música romântica? Bossa nova? Rock pesado?
Queria tanto puxar assunto... Mas o que falaria? Ela ficou a contemplá-lo.
Dizem que, pelo menos uma vez na vida, a pessoa esbarra com o seu grande amor: numa avenida, parque, rodoviária... no metrô?! Seria ele a sua metade? Bem que podia ser... Ela sorriu. Ele nem viu.
Quando ela decidiu cortar o silêncio, as portas do metrô se abriram e ele se foi.
Qual seria o seu nome? Seu time de futebol? Suas manias?
E assim, durante sete meses, três semanas e cinco dias ela entrava naquele mesmo metrô, na mesma hora, na esperança de encontrá-lo novamente. Ela não mais fechava os olhos, porém nunca mais ou viu.
Liliane Balonecker

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