quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Metades

“Eu perco o chão
Eu não acho as palavras
Eu ando tão triste
Eu ando pela sala
Eu perco a hora
Eu chego no fim
Eu deixo a porta aberta
Eu não moro mais em mim”

Essa falta de sentido
Essa ausência de cores
Carência de amores
Insossos sabores

Para onde iremos todos?
Por que corremos tanto?
Chegaremos longe?
Distantes de nós mesmos...
Corremos para quem? Para onde?
Um abraço nos aguarda?

Um café sobre a mesa
Uma leve tristeza
Um aroma no ar
No peito um pesar

Olho as paredes nuas
Minhas vontades cruas
O tempo que passa
O sonho se arrasta

Olho meus olhos no espelho
O tapete velho e vermelho
Por ele não passarei...

O luar que desperdicei
Os balões nos quais não voei
Os filhos que não terei
Estão todos lá
Num lugar entre o aqui e o acolá
Pego a alça de minha mala
E vou
Deixo a porta aberta
Propositalmente aberta
Quero uma vida incerta

Não temo mais o escuro
O lugar inseguro
Só sei que vou
Não sei para onde
(Nem quero saber)
Meu olhar não mais esconde
Meu desejo de desviver
De ser e não ser
De (inter)romper
Meus eus
Minhas máscaras gastas
Já não me servem mais
Vou pro mundo
Para onde não precise me distanciar de mim.


Nenhum comentário:

Postar um comentário