Contra a intolerância, o ódio e a rasgada dor
Ergue-se a pobre menina
Pequena e desprezada
A menor de sua casa
Ela decidiu enfrentar o Gigante
Caminha em direção ao rio
Escolhe três pedras
E se vira rumo ao seu (in)certo destino
Caminha equilibrando seu corpo frágil sobre duas pernas
finas
Seus passos não são errantes nem vacilam
Firme, ela vai
E não olha para trás
A multidão, atônita,
Acompanha muda o seu caminhar
Não há gritos de incentivo
Nem vaias que a tentem alertar
Em suas mãos, três pedras
Em sua alma, um ardor
Em seu peito, uma infinitude de sonhos
A si mesma faria um favor:
Enfrentaria o Gigante
E, enfim, poderia seguir adiante
Preparou a sua funda
Com a primeira pedra, pontiaguda, acertou o medo
A segunda, mais pesada, colocou sobre o passado
E a terceira pedra arremessou com força
Em direção à fronte do Gigante que há anos a atormentava
Ele tombou!
Não houve aplausos
Imperou o silêncio...
Ela suspirou
Agora poderia partir
Não tinha bagagem
Sempre carregou muito mais no peito que nas mãos
Seu grande tesouro estava guardado no coração
Deixou atrás de si um gigante morto
Uma multidão silenciada
E à sua frente?
Uma longa estrada, a se perder de vista
E uma imensidão de sonhos
Não sabia para onde iria
Mas decerto não era mais uma pobre menina
Tornou-se mulher
Mulher, quando o
Gigante aparecer
Lembre-se de que em
sua frente há um caudaloso rio
Sempre haverá rio
Pedras no caminho
E uma imensidão de
sonhos que estão logo ali, do outro lado do medo
As pedras no caminho
podem aniquilar nossos Gigantes:
Reinvenção
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