quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Dia nublado

A previsão anuncia:
Os olhos irão chover

Mas deles nada escorre
Não chove
Arde...


Cegos de tanto ver

A injustiça a mastigar o pão

Nossos sonhos a encarar o não

E a imensidão

Do que nunca foi luz

Hoje treva

(Não se atreva)

A (in)dignidade bate à porta

A esperança ainda não amanheceu morta


Diga sempre a verdade para si mesmo

Não se (des) minta

Ouve a voz do teu coração

Apenas (en) lute.

Lute!

Temer, jamais.



Só esteja do lado certo

(Se é que existem lados)


Encare a travessia

Mesmo que doa

Rasgue

Doe

Destoe


Não se vire

Enquanto vá

Não adormeça enquanto é noite

(D)esperte antes do raiar do sol.


A previsão anuncia:

Sinta os respingos do vento

De longe se ouve o lamento

Do ninho que se desfez

Da insensata lucidez

Que eclipsa

Os olhos dos que (trans)veem.






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