terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Gangorra

- Oi, tudo bem?

- Você quer ouvir de verdade ou é apenas mais uma pergunta retórica dessas que fadigam os dias e perpetuam as máscaras?

- Moça, pode falar... Tenho ouvidos para ouvir e alma profunda pra escutar... Vou de novo indagar: Menina, como você está, por dentro, por detrás desse olhar cansado que a tristeza não consegue ocultar?


- Moço, sei não...
Ora bem, ora mal
Sempre em uma gangorra emocional...

Ora em cima, ora embaixo

Up
Down...

Um movimento constante
Um sobe e desce contínuo 

Não dá tempo nem de admirar o céu
a terra me chama, 
sedenta de vida,  
sedenta de lama.

Mas confesso que gosto dos ares.
Sou naturalmente assim: muito ar, pouca terra
Será que um dia alguém me conserta?

Meus pés têm dificuldade de tocar o chão
Rebeldes, às vezes parecem ter vontade própria, sei não...
Eles gostam de voar...

Sossega pé,
Sossega alma
Aquieta-te, coração

Deixa de sonhar 
que tudo não passa de ilusão

Sobe e desce
Desce e sobe

Esse é o meu movimento de vida
Ele me ensina que tudo passa
o vai e vem da história
o ciclo que sempre gira
já aprendi a esperar

Calma, garota...
a agonia no dia seguinte vai passar
o sol se tornará nuvem, que chuva, molha e seca
no dia seguinte o sol sempre volta a brillhar... Espera...

E assim vou 
em meu eterno gangorrear

Pode ser que um dia eu largue a gangorra pra lá
Encare meu outro e lhe diga: 
Vamos passear?



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