O meu quintal é imenso
Bem maior que o mundo
Bordado de paz, tem cheiro de vento
Pintado com as cores do amor mais profundo
Nele brinca uma menina só
Do tipo bem atrevido e arteiro
Sua imaginação transforma o que é metade em inteiro
Ela converte em arco-íris o que antes era aguaceiro
No mesmo quintal há uma mocinha a escrever
Ela passou o dia todinho a ler
E agora parece nem notar o turbilhão que se passa acolá
Seus livros e seus escritos
São os seus melhores amigos
E olha lá... Também há uma mulher a mirar o horizonte
Cabelos ao vento, olhos focados no longe,
Rugas bem leves marcando a fronte
Uma lágrima escorre bem tímida e miúda
Ela não a enxuga... aprendeu a se deixar molhar
E mais adiante, uma senhora a costurar
Vestido leve esvoaçando no ar
Tranquila, sem pressa, passa seus dias a bordar
Borda seus anos, seus panos, suas memórias e histórias
Posso sentir um cheiro de chuva no ar
Todos se recolhem, mas eu fico...
Então, dou-me conta:
Esse quintal sou eu
Nele cabem várias versões de mim
Nele me perco e esqueço do fim
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