domingo, 26 de fevereiro de 2017

Espelhos

Essa mulher,
que em mim envelhece,
não sou eu.

Esse triste olhar,
que em mim anoitece,
não é meu.

Essa face corada,
que em mim enrubesce,
não revela meu recato [(quase)inexistente].

Essa máscara,
que esconde meu rosto
Não fui eu quem colocou.

Esse estranho corpo,
que veste a minha alma
não é capaz de conter meus sonhos.
[Nele não me enformo,
sobram muitas de mim].


Voo alto em desatino
Mas meus pés permanecem no chão.

Grito alto em desalinho
Mas o silêncio cala meu som.

Essas outras, que em minha pele habitam,
Essas sim sou eu
Aprisionadas, intimidadas, encurraladas.

E percebo:
Sou uma, sou várias
Todas elas vivendo aqui
bem no profundo de mim.

E não te enganes:
essa aí que te mira no espelho
esconde muitos segredos
envoltos bem dentro de ti.


Nenhum comentário:

Postar um comentário