domingo, 30 de julho de 2017

Moça, precisas te aliviar de ti mesma. Esvaziar-se do que te pesa a alma e sentir a leveza do que chamam de paz... Tua mente é uma armadilha que sempre te recoloca no centro de um ciclo autodestrutivo. Teus pensamentos te aprisionam em celas que tu mesma construístes. Sim, tu fias teu destino e teus laços. Em vez de cordas que te livrem da prisão, teces forca que sufoca teus gritos. Ah, moça, se soubesses a força que tens... Se pudesses ver o brilho do teu próprio olhar, jamais duvidarias dos sonhos que insistem em acordar tuas madrugadas e te colocar num mundo de fantasia onde o céu é mais anil que essa noite de sombria escuridão em que firmas teus pés descalços. Moça, tu almejas a liberdade do voo mas temes em sair dessa gaiola cujas portas imaginárias já estão destrancadas há muito tempo. Tu mesma te colocastes aí. Não culpes as estrelas por não brilharem em teu céu. As luzes tu insistes em apagar. Mas elas não apagam, tu que fechas os olhos. E de tanto fechá-los, crês que ninguém pode te ver. Mas eu te vejo, moça. Vejo tuas mãos tentando segurar o vento. Vejo teus pés correndo contra ti mesma, na esperança de fugir dos medos que te perseguem. E nessa velocidade frenética com que corres de ti mesma, tentas preencher teus vazios com a escuridão. Não enxergas a beleza que carrega em teus olhos tristes que miram sempre o longe. Sim, há tanta beleza na tristeza... Eu sei que há. Mas também é bonito ser feliz por nada, mesmo que dure apenas um instante fugidio. Permita-te ousar, moça. Encares teus olhos no espelho e tentes te enxergar. Liberte-te de ti mesma. Ainda há caminho após a curva da estrada. Ainda há lágrimas esperando para chorar amores fortuitos. Ainda há tempo... por pouco tempo, ainda há tempo...
Saias desse casulo e contemples as asas coloridas que já começaram a se erguer.



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